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​O efeito primário de envenenamento por cianeto é o comprometimento da fosforilação oxidativa, um processo pelo qual o oxigénio é utilizado para a produção celular de fontes de energia essenciais sob a forma de ATP (adenosina trifosfato). [1] Uma parte essencial deste processo é a transferência de electrões do NADH (nicotinamida adenina dinucleótido, fornecido através do ciclo de Krebs) ao oxigénio, através de uma série de transportadores de eletrões. Este processo é catalisado pelo sistema enzimático citocromo-oxidase na mitocôndria, e a insuficiência resulta da inibição da citocromo-oxidase a3 pelo cianeto. Isto por sua vez resulta numa elevada afinidade de ligação do cianeto com o ião férrico encontrado na porção heme da forma oxidada desta enzima. 

A ligação do cianeto faz com que a hemoglobina se torne incapaz de transportar oxigénio. [8]

Esta combinação química resulta na perda da integridade estrutural e, portanto, da eficácia da enzima. Como resultado, a utilização do oxigénio pelos tecidos é inibida com rápida deterioração das funções vitais. [1]

Outros processos metabólicos continuam e a taxa de glicólise aumenta acentuadamente. No entanto, o piruvato assim produzido já não pode ser utilizado devido à diminuição do ciclo de Krebs, pelo que é reduzido a lactato, resultando em acidose metabólica.

Assim, o cianeto diminui significativamente o ATP no cérebro e aumenta os níveis cerebrais de lactato. 

Mecanismo de Ação

O complexo de citocromo-oxidase a3 não é a única enzima afetada. [1] Outros mecanismos são considerados significativos, particularmente no envenenamento grave. Assim, está postulado que pode ocorrer vasoconstrição arteriolar pulmonar e/ou da artéria coronária, diminuindo o débito cardíaco e, em casos extremos, resultando em choque cardíaco. É possível que a libertação de aminas biogénicas possa também contribuir para este fenómeno.

Foi também observado edema pulmonar e pensa-se que esteja mais relacionado com a falha do ventrículo esquerdo do que com danos no endotélio capilar ou causas neurogénicas. No entanto, os mecanismos precisos por trás das alterações circulatórias permanecem especulativos. 



 

Figura 1 - Mecanismo de ação do cianeto. [8]

O mecanismo primário da excreção do cianeto é através da formação de tiocianato no fígado. [8] A enzima rodanase catalisa a conversão de cianeto a tiocianato que é excretado por via renal. Este mecanismo é abrangido por doses elevadas de cianeto no caso de uma infeção aguda ou em pacientes com função renal comprometida. 

Figura 2 - Metabolismo do cianeto. [8]

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